sexta-feira, 25 de março de 2011

Episódio um

        Estava frio, o sol teimava em não trespassar as grandes núvens que se instalaram naquele céu tapando toda a sua cor.
        Ele estava imóvel em frente à grandiosa janela de onde se podia observar a agitação da cidade; manteve-se assim, não mais de 5minutos porque algo o perturbou; eram duas moscas que voavam lado a lado como se dançassem ao som da música que tocava. Observou-as e pensou no quão bonito seria se tivesse também a seu lado alguém especial.
         Saiu, o dia estava feio, mas saiu. Poderia ter chamado um táxi se soubesse onde queria ir mas não o fez, saiu sem destino; aproximou-se do rio onde os patinhos nadavam felizes atrás da sua mãe como se não sentissem o frio que estava naquele dia cinzento.
         Continua, o vento dificulta o seu percurso mas ele não desiste. Sentada num banco de madeira daquele belo jardim, onde já se encontrava, estava uma senhora idosa e, ao seu lado a rapariga mais bonita que os seus olhos tinham visto. Pareciam tristes e geladas, aproximou-se; pergunta se estava tudo bem, a rapariga levantou a cabeça e olhou-o, tinha os olhos tão doces que fizeram com que o rapaz não conseguisse desviar o olhar. Ela responde: "não, está frio e este banco é a nossa nova casa". Ele sentou-se, não poderia deixar de ouvir a história daquelas duas pessoas. Ela explicou que não tinham dinheiro e, a sua casa foi penhorada.
          Ele vivia sozinho desde que a sua mãe tinha morrido, em troca de companhia, ofereceu àquelas duas pessoas um alojamento. Os olhos da rapariga brilharam, a sua avó era frágil, não podia recusar: "Obrigada, Obrigada, não quero incomodar, leva-a a ela, ela não consegue suportar viver na rua, leva a minha avó por favor, eu fico bem".

(continua)

5 comentários:

  1. "é verdade que a expressão de texto não está na sua dimensão, não o torna pior o facto de ter apenas uma folha, uma página ou uma linha. é importante sim o sentimento que nos transmite!"

    ResponderEliminar