segunda-feira, 14 de março de 2011

Zás Trás Pum!

        Ela chegou a casa ofegante, aquela tinha sido a melhor noite da sua vida.
        5.27h - Abriu a porta do quarto, estava cansada, só queria dormir um dia inteiro.
        Amanheceu, os raios  de sol entraram pela janela e fizeram com que acordasse mais cedo do que esperava. Ainda ensonada e atordoada com a agitação que tinha sido a noite anterior, levantou-se e aprontou-se.
        12.00h - Olhou pela janela ; reparou que a rua estava deserta e, no fundo do seu jardim, um embrulho vermelho que provavelmente teria sido deixado pelo correio. Abriu a porta e saiu em direcção ao pacote; não tinha cartão, apenas tinha o seu nome escrito no topo. Levou o embrulho para casa, pousou-o em cima da mesa e foi tomar banho.
        12.58h - Uma mancha vermelha aparece-lhe no corpo, ela não dá importância e volta à cozinha já completamente esquecida que tinha lá o caixote à sua espera. Olhou para a mesa e pareceu-lhe tudo normal, apenas o seu gato dormia em cima de uma cadeira.
        14.00h - O gato estava imóvel há bastante tempo, a rua continuava deserta e ... o embrulho continuava no jardim; pensou que não o tinha trazido para casa e foi buscá-lo. Pouso-o em cima da mesa, pronta a descobrir o que estava no seu interior quando reparou na mancha vermelha no pelo preto do seu gato. O seu telemóvel estava sem rede, começou a assustar-se e, entrou em pânico quando dentro da caixa descobriu uma fotografia sua, tirada na noite anterior, que no seu verso dizia: "Eu vi-te e esse teu vestido azul fica-te a matar".
        As portas fecham-se, o telefone, sem rede, toca; ela atende e alguém respira profundamente do outro lado da linha; o seu gato cai da cadeira e fica imóvel exactamente na mesma posição. Ela grita: "Quem está aí? O que quer de mim?", ninguém responde.
        Tudo volta ao normal, as portas abrem-se e a chamada desliga-se.
        Ela não sabe o que fazer, sai de casa, entra no carro e é inútil procurar pelos vizinhos ou amigos que não tem. Lembra-se de ligar ao rapaz com que havia estado na noite anterior, ele atende e apenas se ouvem vozes distorcidas que parecem vir do fundo do mar. O carro não anda, as portas não abrem, um vulto aparece na sua frente, trás na mão a mala que ela tinha usado na noite anterior e, algo atrás das costas. Encolhe-se, batem no vidro e ouve a voz do rapaz: "Ligaste-me?". As portas abrem-se, assustada abraça-o e conta-lhe o que está a acontecer. Ele ouve com atenção e no final, pergunta: "Sabes ontem à noite quando te disse que ias ser minha para sempre?", ela responde: "sim" , ele interrompe: "não estava a brincar."
        O carro, a casa, o gato, continuam no mesmo sitio mas nunca ninguém mais soube da rapariga a quem pertence o vestido azul.

7 comentários: