quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Arrisca

     




             Havia muita gente ali: homens engravatados que nem o sorriso que esboçavam escondia o desconforto que estavam a sentir; ladys com chapéus farfalhudos e vestidos a condizer sem noção do ridículo, miúdos com idade de andarem porcos, sujos ali estavam com os seus coletes e camisas e o ar mais elegante do mundo. Enfim gente, ali estava muita gente, que não passava de isso mesmo, gente.
            Eu estava lá num canto mergulhada nas taças de champanhe que iam servindo, todo aquele movimento me passara ao lado, a única coisa interessante daquela festa era a janela que estava na minha frente já há uns bons minutos. Algo interrompeu o silêncio que pairava na minha cabeça desde o último carro que tinha passado na estrada.
           - Olá.
           Foi quando me virei de repente que percebi que já tinha bebido demais mas estava com lucidez suficiente para ver a beleza que tinha acabado de falar para mim.
           - Olá, respondi eu tentando disfarçar o excesso de álcool que já me corria no sangue…
           - Nunca te vi porque aqui …
           Bem o rapaz, apesar de fazer parte dos engravatadinhos até parecia simpático:
           - é … esta cena não é muito a minha onda mas os meus cotas, para variar, estão em viagem e despacharam a coisa para mim…
           Ele riu ao mesmo tempo que pegava também numa taça de champanhe:
           - Então estás aqui só por favor …
           - Pah é isso mas estou a ficar farta, já vim marcar presença, agora estou mesmo no ir...
           - Espera!
           Assustei-me:
           - O que foi?
           - Eu … saio contigo, mas vamos antes pelas traseiras por favor.

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