quinta-feira, 12 de julho de 2012

Eu não sei porque escrevo

                   Escrevo palavras soltas, inversas, contraditórias, brinco com o dicionário como se fosse um amigo que não entendo. Construo frases sem pontos, sem nexo mas são as minhas palavras, os meus pensamentos, as minhas construções.
                   Sou uma ponte sem pilares onde o tabuleiro balança, mas sou eu, são as minhas palavras. Dou por a pensar no que sou, quando me fluí uma frase que eu acho sem sentido, mas que através da mesma posso criar um texto que só eu entendo o seu verdadeiro fundamento, corro em direção ao papel, procuro incansavelmente uma caneta que tenha um pouco de tinta, só para que eu possa transcrever o que penso.
                   No final, quando tido se encontra escrito, sinto uma estranha sensação de revolta por não me identificar com o que escrevi, por saber que estou a cometer algo que não tem significado para mim.
                   Sei que talento não tenho, mas tenho uma coisa fundamental para qualquer ser que queira tornar o seu mundo perfeito. Eu tenho sonhos, eu vivo os meus pensamentos, eu iludo a minha alma.
                   Eu transcrevo em papel o que o coração indiretamente já sofreu e digo indiretamente porque eu nunca senti nada de tão forte, só mesmo no papel. Porque no papel podemos ser personagem principal, porque a escrever podemos fazer um conto de fadas onde somos eternamente felizes, porque a transcrever os meus pensamentos posso ser o que desejo e apagar o que transtorna, no entanto, mesmo sem dom, mesmo sem talento ou encanto, eu não sei porque escrevo.

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